Acredito que crescer passa por termos a sensibilidade de elevar momentos a gentes. Elevar coisas que nos acontecem a acontecimentos, com a consciência plena de que uma simples tarde é só uma simples tarde e pode ser uma vida inteira se quisermos.
Estás a chegar! E vens assim sem que se dê conta. És aquele encontro marcado sem ser preciso marcar. E não é que tenho mesmo saudades tuas? Saudades verdadeiramente fiéis que teimam em aparecer por aqui por dentro de mim por volta destes dias que continuam longos mas já mais curtos. Sempre. Tenho por ti este sentimento constante enraizado. És só uma Tarde. Uma simples e modesta Tarde. E falo de ti como se fosses gente.
Acredito que crescer passa por termos a sensibilidade de elevar momentos a gentes. Elevar coisas que nos acontecem a acontecimentos, com a consciência plena de que uma simples tarde é só uma simples tarde e pode ser uma vida inteira se quisermos. Porque precisamos. Acredito que passa por sermos o mágico no palco, elaborarmos o truque e acreditarmos em magia. Plim! Tem que fazer plim!
E esta minha Tarde que virou gente tem plim, tem chuva, tem castanhas assadas, tem filmes de época, tem uma janela para que se vejam as lágrimas a cair lá fora, tem música e tem-me a mim inteira. É a tarde que chega logo depois do calor e traz a primeira chuva. A Tarde. E é minha. E aposto que de muitas mais janelas.
Imagino que seja o verão a chorar por se ter ido embora. Imagino outras coisas! Os olhos dos que são de cá e trabalham longe a voltarem para as suas rotinas numa outra casa além fronteira. Imagino que Deus nos abençoa para o que aí vem e por isso nos salpica com água numa tarde serena. E rio de mim e da minha loucura. E desejo para a minha vida momentos bons, felizes, serenos e apaixonantes. Tal como o desejei com muita força na pequena festa que ergui dos meus agora feitos 32 anos.
A minha Tarde vem com tempo, parece grande, enorme, interminável. Mas quando chega vai embora mais depressa do que imagino. Como já sei disso, vou já escolher os filmes e comprar as castanhas.
Gabriela Relvas
*VIVE*