A História

Cresci no meio de papéis, não fosse eu filha de um transformador de papel.
O meu pai, o senhor Alexandre Correia, sem saber, provocou-me os sonhos com as enormes folhas brancas que ele transformava e transforma em blocos de desenho na cave de sua casa. E há mais de 35 anos que o faz ali, com as mãos, com muito trabalho e uma guilhotina. Foi nesta casa que eu cresci. A minha incubadora enquanto precisei de um ninho para voar.
Por isto foi-me demasiado fácil afeiçoar ao papel, ao cheiro das folhas, ao rigor dos acabamentos, perceber um tanto de magia, que aquilo era e é mesmo uma boa história, compreender também que nada acontece sem muito trabalho e que trabalhar é bom.
Mas havia uma coisa que sentia sempre, que o transformador de papel merecia transformar os seus próprios cadernos, que não fosse apenas um serviço prestado, que fosse mais, que criássemos uma história de magia nossa, com a representação dos nossos sonhos.

É assim que nasce a linha A Vida em Play. Parte de uma arte que fui aprendendo e admirando enquanto crescia, como parte da minha sede de arte.
Talvez não seja à toa que eu hoje escreva, talvez não seja à toa que eu hoje pinte.
Haverá melhor que uma folha em “branco” para sonharmos? Haverá melhor provocação?

Criámos uma linha a pensar no ambiente, no artista, no pensador das palavras, na forma como essa pessoa gostaria de guardar os seus esboços ou a sua obra. Escrita ou desenhada. Criámos um livro que ao mesmo tempo é um bloco e que ao mesmo tempo não precisa de mesa para assegurar o traço certo. Uma funcionalidade que faltava.
De vários tamanhos e até de bolso, porque as ideias quando surgem precisam de uma arma à altura.

Os papéis são de máxima qualidade. Apostamos em diferentes texturas e também em papéis reciclados, como o kraft 90g e o manteigueiro 130g. No entanto, devo confessar a minha paixão pelo ahuesado 90g. De cor pérola e de uma suavidade única para o deslizar da caneta ou do lápis.

Garanto que vai ser difícil usar outros cadernos depois de experimentar estes. Ouso até dizer que vai querer colecionar ou oferecer a uma apreciadora ou apreciador por quem nutre amor.