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Senti o umbigo colar-se às costas e esse estado atípico de mim assustou-me. Disse-me então, “tens que comer”, nesse repente em que ouvi a sala a ouvir-me a barriga nada discreta. 

Saí.

A animosidade não era a perfeita. A vontade de comer também. 

Não me lembro da última vez que o umbigo me colou nas costas. Há estados que nos vivem as profundezas, tão profundos que pensamos na possibilidade de os escondermos de todos, até de nós. 

Quantas vezes matamos alguém em vida que, sem morrer, temos que matar?

Não sei onde começa ou acaba o amor. E a minha burrice tamanha não prevê solucionar as próximas equações.

A ambição básica que se segue: ter vontade de comer. E, enquanto recebo o troco do bolo de feijão, pergunto-me vezes sem conta – “às portas da morte, de quem levaria mais saudades?”.

 

Gabriela Relvas

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