A ti, país do Evereste
Nepal, 25 de abril de 2015
Aqui a terra tremeu. E o abalo sentiu-se na Índia, Bangladesh, Tibete e Paquistão.
Portugal, 25 de abril de 2015
Escrevia sobre liberdade.
Nepal, 29 de abril de 2015
Cinco mil mortos, mas estimam-se dez mil. Um milhão e meio a precisar de ajuda.
Portugal, 29 de abril de 2015
Na luta de erguer o meu próprio emprego, enquanto o país tem mão fechada comigo.
Nepal, 29 de abril de 2015
O pai escava destroços em busca do cadáver da filha.
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O mundo gira, avança e também recua.
Nós, falamos de economia.
Eles, não falam, não choram, não sentem nada. A dor matou a própria dor. E não sentir nada mata. Chega a fome e a sede. Também elas sem escrúpulos, com ganas de fazer morrer. Chega a violência. Aprende-se de novo a falar, mas com raiva. E esta é assassina.
Tão longe e tão perto quanto desejarmos. É real. É verdade.
Quando pensares em ter força, para levares a tua avante, pensa no dia 25 de Abril. Neste dia houve quem conquistasse liberdade por ti e houve quem perdesse a felicidade para sempre. E não foste tu.
Se existe um Deus, aparece agora, por Evereste, por favor.
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GR