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Vou situar-vos. A Antónia é a minha sobrinha e tem 4 anos. Tornou-se recentemente na pessoa mais dotada de clarividência que conheço.

– Antónia, o mercado de príncipes esgotou!

– Esgotou Titi?

Titi pode parecer um pouco parolo. Mas eu sou a Titi e não me importo de ser parola. Aliás, ser adulto parece-me isto mesmo, ser um parolo que se assume. 

– O que estás a ver?

– O Lucas Neto!

– O Lucas Neto pode ser o príncipe da Titi?

– Oh Titi! O Lucas Neto mora no Brasil. Tinhas que apanhar o comboio, o barco e o avião para o ver! Ia dar muito trabalho!

– Hum. És capaz de ter razão!

– Eu vou ajudar-te está bem?

– Vais?

– Mas olha, o teu príncipe não pode ser o papá está bem?

– Está bem!

Depois dos dados na mesa.

– Quem te ensinou isso de que o amor à distância não vale a pena?

– O meu pensamento Titi.

– Hum. Emprestas-me o teu pensamento?

Há um silêncio ensurdecedor.

– Titi, eu te ajudo.

– Ajudo-te. Diz-se ajudo-te.

– É a língua do Lucas Neto. Um dia levas-me ao Brasil? Gostava de conhecê-lo.

Conclusão: até os mais dotados de clarividência deixam de ver quando se trata do próprio.

P.S.: Esta conversa aconteceu mesmo. 

Gabriela Relvas

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