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Um dia muito bem passado. A baiana do acarajé. O Parque dos Poetas e o poema do timorense Fernando Sylvan. A lusofonia, essa mistura que se quer, porque é boa, muito boa. Isto para dizer que vos apresento mais que festival de música. Conto-vos o meu passeio, num dia que nem esperava sair de casa suguei e somei coisas! Vi o céu em cima de mim a mudar de cores, até ficar escuro com as estrelas donas do protagonismo.

A vida acontece a cada momento que queremos que aconteça!

Espero que o Poeiras da Língua Portuguesa se repita para o ano. Até lá ainda há Ecos de Poeiras. Atenção, acaba domingo! Mas o Parque dos Poetas fica lá, pronto a ser passeado por quem faz a vida acontecer.

Deixo-vos com o poema de Fernando Sylvan, escrito em 1971. Palavras fortíssimas que nos lembram a luta pela liberdade. O mundo tem que ser feito por todos.

MENSAGEM DO TERCEIRO MUNDO
Não tenhas medo de confessar que me sugaste o sangue
E engravataste chagas no meu corpo
E me tiraste o mar do peixe e o sal do mar
E a água pura e a terra boa
E levantaste a cruz contra os meus deuses
E me calaste nas palavras que eu pensava.
Não tenhas medo de confessar que te inventaste mau
Nas torturas em milhões de mim
E que me cavas só o chão que recusavas
E o fruto que te amargava
E o trabalho que não querias
E menos da metade do alfabeto.
Não tenhas medo de confessar o esforço
De silenciar os meus batuques
E de apagar as queimadas e as fogueiras
E desvendar os segredos e os mistérios
E destruir todos os meus jogos
E também os cantares dos meus avós.
Não tenhas medo, amigo, que te não odeio.
Foi essa a minha história e a tua história.
E eu sobrevivi
Para construir estradas e cidades a teu lado
E inventar fábricas e Ciência,
Que o mundo não pode ser feito só por ti.

 

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