Sinopse

“Ninguém nos prepara para isto, nem o Júlio calado, nem as lágrimas da Cristina, nem a Odete nua no whisky, nem a sola de madeira no osso, as coisas que nos espantam pouco nos imunizam. É como se viver fosse uma prescrição para pessoas mal preparadas, as bem preparadas não as conheço, serão almas que já aqui andaram e que agora nos veem e troçam de nós de perna cruzada no sofá enquanto passamos o chão a esfregona, fantasmas que penetram a parede da sala para dar à cozinha, abrem a porta do frigorífico e riem da marmelada que não solidificou, cacarejam ao ver o cu de quem metemos na cama, que do nosso já não conseguem rir, e bocejam esta frase pronta a causar dano, Ao que tu chegaste. Aquela noite veio a revelar-se na minha mais incompreensível inaptidão.”

Neste romance de estreia, Gabriela Relvas vira tudo do avesso numa linguagem frenética, desprovida de regras e carregada de inconformismo. Sara Branco Bizarro, personagem principal desta história, pinta retratos rápidos de uma trama de segredos que emergem dos lugares mais recônditos da sua existência, numa narração insaciável. Gulosa, a rebentar, ainda que vazia; um isco de ingenuidade gordo de antíteses.

Prestes a fazer quarenta e dois anos, circula no passado por necessidade, põe na mesa a criança que viu o que não devia ter visto.

Um livro vertiginoso e poderoso sobre o que, por vezes, custa ser mulher.

A Autora e o Livro

Aguardei por este momento como uma louca, ziguezagueando por aí sem saber ao certo como se faz para estar vivo.
Saber esperar tem sido um talento que eu adquiro, mas com sofrimento. Não sei como guardei a alegria. Também não sei como guardei a angústia. Há um misto de emoções nestas coisas, mesmo que a alegria seja a que mais prevalece. Mas é esta mesma sacana, a alegria, que mais me come aos pedaços. Estou às trincas e aos buracos. Às vezes é difícil sentir grande, enorme; vem a ansiedade roer-nos como um rato.
Hoje vou virar um pássaro, livre, porque vos digo (e, posso dizer), escrevi o meu primeiro romance. O primeiro de muitos.

Está já em pré-venda e dia 26 estará nas livrarias.
Reservem. Comprem. Devorem. Façam-me chegar as vossas primeiras impressões e as mais recônditas.
Dia 15 de outubro falarei dele com todo o amor que me merecem. Será na FNAC do Gaiashopping, pelas 17:00. Apontem na agenda. Sim?
Agora a Penguin Livros é a minha nova casa. Acredito que também vos posso convidar a entrar.
E, antes de terminar (nunca sei o que dizer em ocasiões de emoções que fervem, nem quando me calar, mesmo sendo eu uma pessoa de parcas palavras), gostava de partilhar uma pergunta de uma amiga, com quem me pegava na primária mas que não sabia viver sem. Encontrei-a num acaso, num desses cafés por aí.
Como é escreveres durante dois anos sem saberes no que vai dar?”

Aquela pergunta estava carregada de admiração. Ao ler assim pode parecer que não, mas se interpretam dessa forma, digo-vos, não é a certa. É uma pessoa bonita, generosa. Aquela minha amiga tinha acabado de me dizer da forma mais doce que eu acreditei em mim e que é preciso coragem. Vi-lhe nos olhos. Até àquele momento não me tinha apercebido. Não daquela forma que senti ali.

Obrigada pelo acaso maravilhoso. Senti-me como a Sara Branco Bizarro, por isso deixo-vos com a frase da minha personagem.
Os meus quadros passaram a ser objeto de desejo. Imagine-se! A mim parecera-me sempre coisa inacreditável. Que alguém os quisesse mesmo, pendurá-los numa parede. Caramba, ainda fico doida quando alguém me quer numa sala.

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Gula de uma rapariga esquelética de amor

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