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Lembro-me das muralhas à noite, numa aventura de adolescente fugida de casa. Lembro-me de as caminhar com a adrenalina do medo e da descoberta, com a ânsia de quem quer sentir mais daquilo que se pisa, vê e respira.

A inocência de quem acredita ser mais ousado e livre que os outros todos (e não falo de radicalismos) é um diamante em bruto que nos é dado e devemos agarrar. E eu agarrei. Quando o comboio passa devemos agarrar (hoje sei). Agarrei mesmo não sabendo que a minha inocência igual àquela seria escassa com o apinhar dos anos. Acreditei vivamente que fui a única a ver e a sentir aquelas muralhas, naquela luz, naquele silêncio, com aquela paixão.

O tesouro era meu. Só meu.

Hoje percorri as tuas muralhas. Já passaram tantos anos e estás igual (obrigada). Eu, diferente. O suficiente para perceber que nunca foste um só segredo. És o meu segredo e o de muita gente.

Sabes, ainda bem! Só as coisas que valem a pena deveriam ser partilhadas.

Caminhei-te de dia e de noite, vila dos sonhos. Tens a luz do romance, no sol, na chuva, na noite. Deixas cheirar o amor, porque permites que só o amor tenha cheiro.

És sossegada como a coragem de amar deve ser. E, silenciosa, para que o desejo se ouça.

Tocar-te na paredes é beber um pouco da tua história. E a verdade é que foste de facto um ato de amor!

D. Dinis ofereceu-te durante as núpcias à Rainha Isabel. E a partir desse momento passaste a integrar o dote de todas as rainhas de Portugal até 1834. Tens a história a teu favor, marcada por enamorados!

De hoje em diante quando olhar para o teu castelo, vou lembrar-me sempre do seguinte: “o que acontece na torre fica na torre”. Contou-me quem tão bem me recebeu… e assim percebo, mal entro na torre onde dormia D. Dinis e D. Isabel. Hoje, uma suite e uma experiência única para os que se seduzem pela história e querem proporcionar um momento marcante na vida de alguém. Um lugar longe do mundo de agora, pela história. E longe do mundo com muita gente, pelos muros que o separam.

A Pousada de Óbidos proporcionou ao público a oportunidade de reservarem um quarto num castelo. Fá-lo desde 1951 e é por isso o primeiro castelo convertido numa das mais belas pousadas históricas do país. No entanto, se forem a Óbidos só de passagem, ainda que não seja para pernoitar, não deixem de ir até lá! Aproveitem a vista da esplanada, bebam uma ginjinha e conversem sobre o castelo com quem lá está! Vão ter os melhores professores.

Pernoitar, na minha opinião, como já se aperceberam, é a experiência que não deveria ser abdicada. Assim como percorrer as muralhas! Façam o “círculo” das vossas vidas com os vossos pés. Façam os mais bonitos e entusiasmantes mil e quinhentos metros das vossas vidas.

É em Portugal e provavelmente estás tão perto! Faz algum sentido abdicares desta história, desta paisagem, deste romance? Vem descobrir as coisas que acontecem nas portas abertas que preenchem a Rua Direita. Há coisas maravilhosas a acontecer na vila histórica de Óbidos. A vila que reveste as paredes de livros, da poesia à gastronomia. A vila que transformou a Igreja de São Tiago em Livraria. A vila das ideias, do caráter, do amor.

A Vila Irrepetível.

Caso para dizer, põe play na pausa. Porque Óbidos é a pausa perfeita.

Gabriela Relvas

Torre D. Dinis.

Suite D. Dinis.

Suite D. Dinis.

A vista do castelo.

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