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Eu tenho esta paixão para a vida toda por setembro. Pelo sol de setembro, pela areia, na sua pele de areia e não de gente. Pelo “s” de setembro e pela forma como se soletra se-tem-bro. É tão exagerada esta paixão que no meu nariz o cheiro do ar muda a dia 1. Fica mais macio, aconchegante. Mesmo que não mude rigorosamente nada. Os meus olhos vêm cores a dia 2 que lembram contos de fadas, lilás, dourados e perlimpimpins. Mesmo que o céu seja rigorosamente o mesmo.

O meu ano novo vida nova é em setembro. Então comecei pelos papéis e enchi dois sacos enormes de gordos. Troquei a capa de edredão e as cortinas do quarto por tons distantes dos habituais e perdi horas em cima da capa nova com caixas e caixinhas a dividir e organizar o que já foi por mim dividido, organizado e por mim assassinado. É incrível, o que tenho de organizada tenho de destruidora!
Perfumei os primeiros dias do mês com uma aura diferente. Mas não estava tudo. Meti o cabelo no cabeleireiro e pedi-lhe uma Gabriela nova no espelho. Depois do espanto, muito espanto, assumi a minha pequena loucura. Quando me cansar desta volto à outra. Disseram-me que só tenho uma vida para experimentar coisas. E se uma vida parece pouco, então que façamos nela muitas e muitas coisas.
Tomadas as pequenas decisões, venham as grandes, aquelas que são só para Grandes.

Setembro, obrigada por me provocares tanto! Serás sempre a minha doce tentação.

Bom Ano!

Gabriela Relvas

*O Que Vejo Agora No Espelho*

E não é que mudar sabe tão bem!

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