“Eis‐me aqui. Suspensa. Não há chão nem céu ou telhado, e não faço ideia porque não tombo. Tenho no meu corpo as mesmas roupas que vesti naquele dia
trágico, mas não cheiro a nada. Há em mim apenas uma sensação de existência, como nos sonhos. (…) Aqui não há nada além da mestre de cerimónias Ofélia, uma anã gorda e pespineta de cabelo grisalho, e uma porta míngua de madeira escura.
Morri.
Tenho um portátil amarelo.
Ainda não vos tinha dito, pois não?
Mas para a frente com a película autobiográfica!
Eu gostava da minha vida com o Duarte no Grande Hotel Lindo de Paris. Sim. Sim. Sim.
Mas morri. Oh!, já morri. Aceita, Regina. Aceita esta casa da tua morte. Aceita o teu portátil amarelo.”
Através de um enredo não linear e psicológico, saltamos do Purgatório para a Terra e da Terra para o Purgatório. Neste pingue‐pongue acompanhamos Regina e
ficamos a conhecer todas as personagens que contribuíram direta ou indiretamente para a sua morte. Ou devemos dizer vida?
Fica do seu lado a decisão.